VOCÊ TEM OUVIDO ABSOLUTO?

Certamente você já ouviu essa expressão, mas é possível que não saiba muito bem o seu significado, não é mesmo? Então vamos lá: ouvido absoluto é um fenômeno auditivo raro que permite o reconhecimento de frequências (ou notas musicais) sem uma referência prévia.

Ainda parece meio confuso, não é? Vamos esmiuçar o conceito:

NOTAS MUSICAIS

Na música Ocidental, é comum utilizarmos as notas Dó, Ré, Mi, Fá, Sol, Lá e Si (as notas brancas do piano), com seus respectivos bemóis e sustenidos (as notas pretas do piano). Estas notas têm uma altura fixa, quer dizer, correspondem a uma frequência em Herz pré-estabelecida. Dessa maneira, o lá central do piano corresponde a 440 Hz, assim como o lá que é dado pelo diapasão. A cada meio tom, aumenta-se ou diminui-se 5 Hz de forma que um lá bemol corresponde a 435 Hz e assim por diante.

Notas x Frequências

Pessoas com ouvido absoluto têm a capacidade de reconhecer essas frequências e dar o nome da nota correspondente. Trata-se de um tipo de memória análogo ao reconhecimento de cores.

OUVIDO RELATIVO

Mas o que acontece com músicos que não têm essa capacidade? Como são capazes de ensaiar, reconhecer notas erradas, corrigir afinação, mesmo sem esse super ouvido?

Tais músicos usam o seu ouvido relativo. Isso significa que eles precisam de uma referência inicial, de um ponto de partida, para achar as outras notas. Daí o uso do diapasão: ele diz para o músico “a nota lá é essa aqui… pliiim”, e assim é possível, com todo o treinamento recebido, saber onde está o Mi, o Si e tudo o mais.

No entanto, se você quiser enganar o músico com ouvido relativo e dar a frequência de 435 Hz (lá bemol), dizendo que corresponde ao lá (440 Hz), é muito provável que ele não perceba a diferença e siga a música a partir daquele ponto. Ou seja, vai cantar ou tocar tudo meio tom abaixo. Com o músico de ouvido absoluto, não é possível pregar essa peça.

EXPOSIÇÃO À MÚSICA DURANTE A INFÂNCIA

O fenômeno costuma ter relação com o nível de exposição que a criança tem em relação à música. Quanto mais treinada for até seus 6 ou 7 anos de idade, mais chance ela terá de desenvolver essa habilidade.

Imagem de Matthias Böckel por Pixabay 

Fatores genéticos também são considerados. Estima-se que cerca de 0,01% da população mundial venha a desenvolver essa percepção. Tais pessoas possuem maior capacidade de receber e interpretar estímulos do lado esquerdo do cérebro, onde os sons são processados.

VANTAGEM OU NÃO?

Mas afinal de contas, ter ouvido absoluto torna o indivíduo um músico extraordinário ou não? Depende… às vezes, ter ouvido absoluto pode não ser tão vantajoso assim. Por exemplo, quando um coral canta a capella (sem instrumentos acompanhando) é comum acontecer de o tom começar a cair. Pessoas com o ouvido relativo adequam-se a esse problema facilmente e seguem cantando respondendo àquilo que elas estão ouvindo. Já o cantor de ouvido absoluto percebe que as notas que estão sendo cantadas não correspondem àquelas que estão escritas na partitura e isso o confunde a ponto de parar de cantar.

Outra complicação é querer mudar o tom da música. O ouvido de ouro simplesmente não aceita a transposição e isso gera muita irritação para o intérprete.

O ideal é que o músico com ouvido absoluto também desenvolva uma grande habilidade com o ouvido relativo.

Quer testar seu ouvido? Assista esse vídeo:

Equipe Camerata Benesi

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